quinta-feira, 18 de junho de 2009

Processo de criação do mural: Depoimento de D.J. Oliveira

Esse depoimento [1], de D.J. Oliveira, relata o passo-a-passo do processo de criação do mural da Universidade Federal de Goiás.

"Esse mural, no Colégio Universitário (Restaurante da UFG), foi o seguinte: eu, contratado pra fazer esses murais que, aliás, pra mim, foi um grande desafio, pra época, porque, eu posso dizer que nesse campo do mural eu não posso dizer que foi uma coisa que eu desenvolvi assim muito sozinho. Apesar da pouca experiência que eu adquiri, fora daqui, meu aprendizado, na minha juventude, fora daqui, quando eu estava em São Paulo... Mas como era uma área muito enorme, eu nunca tinha trabalhado numa área grande, pelo seguinte: o mural ele tem uma dimensão... Ele tem função, geralmente, ele tem a função de ilustrar aquela entidade que o representa. Pra mim, foi muito difícil porque, além da área ser grande eu era... Na realidade, não tinha nenhum tema pra ser feito. Foi pela primeira vez que eu me senti bastante angustiado em criar uma obra de arte, porque eu senti que era uma grande responsabilidade minha fazer um trabalho naquela altura, para a Universidade, em que o campo de cultura e de Ensino fosse contemplado. Foi bastante desafiante. Eu posso dizer que, todas as tentativas, nos estudos, que eu ia fazendo, nenhuma delas me traziam nenhuma satisfação, principalmente, no que se refere ao que está relacionado a ala do direito, de quem olha... De grande... Enquanto que a da esquerda não foi grande a dificuldade porque esta relacionada com a economia do Estado de Goiás, porque os meninos podem perceber que são os outros. O garimpo foi o que motivou a criação do Estado, que foi a descoberta de Goiás, através das bandeiras.












FIGURA 1 – Parte do primeiro Esboço do Mural da UFG, 1966.
Figura 2 – O Mural é Composto de 8 Células: 1(Mineração), 2(Agricultura), 3 (Pecuária),
Mural da UFG (D. J. Oliveira, 1966)As figuras acima e abaixo referem-se ao Mural original, feito em 1966



Logo em seguida ao da Agricultura, em seguida a Pecuária, esse até não foi difícil, inclusive, por ele ta ligado, porque até também é um restaurante. Mas... Os outros... Foi um desafio muito grande porque eu queria... Desejava ilustrar o ensino de cada Faculdade e cada vez que eu me dirigia á minha prancheta pra fazer meu estudo, nenhum deles me satisfazia. O tempo foi passando, o pessoal ia me cobrando o estudo, eu não conseguia fazer o estudo. Eu fiquei mesmo a ponto de desistir da execução do mural. Nunca me senti assim, com tanto problema pra executar um trabalho, como aquele, dado a minha responsabilidade e pelo local que eu ia fazer o mural. Mas eu me lembro que ele surgiu assim... Como todo grande trabalho de arte, a meu ver, ele deve nascer da experiência pessoal que a gente vive, da experiência que a gente tem com relação à vida, com relação com o que a gente faz. Foi, esse mural surgiu de uma maneira muito interessante! Após grande sacrifício. Eu já estava completamente desanimado, era um dia... Não me lembro qual, pra criar esse mural, me lembro que era exatamente neste mês de novembro e, de repente, o tempo ficava carregado (nublado) nessa época de versão. Chove muito! E, lá naquela época, lá em cima, na Universidade, não era asfaltado, não era nada, e até tinha muita casa de invasões, e o Mural surgiu assim. Eu falei: mas não é possível que nada vai me surgir. Eu saí olhando à janela, fora, observando, e vi que depois dessa chuva forte, então, eu notei que as crianças saiam pra rua, e entravam naquela casca de buriti e desciam enxurrada abaixo. Então, eu fiquei observando aquilo, várias horas, aqueles meninos brincado com aquilo, e ai que surgiu a idéia, entende? Eu falei, ta ai à minha frente, na minha vista: “brinquedos” de menino, brinquedos de crianças. Foi daí que me surgiu as idéias, então, eu comecei, evidentemente, baseado-me outra vez na minha própria experiência, na minha infância. Eu, então, simbolicamente, eu fui criando brinquedos infantis e cada um relacionado com cada faculdade. Foi a partir daquela observação, daquele momento, único, é que surgiram as idéias. Então, você nota o seguinte: no primeiro plano, você tem uma gangorra, que é aquele balanço sobre uma tábua, que os meninos se sentam, que tem nas pracinhas, nos jardins. Ali, então, aquela gangorra, pra mim, eu quis representar, simbolicamente, como se fosse uma balança, dirigida á faculdade de Direito. Em seguida, vem uma outra, digamos assim, vê se eu me lembro... Que é um menino, pegando uma bola, brincando com bola. São três crianças, brincando com a bola. Então, eu relacionei com a Filosofia, com lado das letras, com o pensamento. Depois vem um outro que são meninos brincando com bola de gude, que é uma brincadeira que a gente faz uma incisão no chão, aonde, então, a gente vai fazendo aquelas bolas de vidro... Eu dirigi aquele mural á Medicina. Depois tem um outro que são os meninos soltando “barrilê”, papagaio. Eu fiz dirigindo á faculdade de Artes, que é o sonho, que são aquelas fantasias que a gente teve. E, por último, aquele menino jogando peão, que eu fiz relacionado á Arquitetura e Engenharia.

E, por último, aquele menino jogando peão que eu fiz relacionado á Arquitetura e Engenharia, quer dizer, que, simbolicamente, os trabalhos surgiu assim. A partir daí, o maior sacrifício era realizar o trabalho, o mural é bastante difícil, muito complicado, mas como vocês vêem o problema, fundamental de uma obra de arte, é criar essa obra de arte e, muitas vezes, não adianta recorrer a uma série de conhecimentos, a uma série de pesquisas, feita através de cultura, feita através de livro, nada, porque são muito importantes as experiências da vida, de cada momento, que você vai vivendo. E, esse Mural, eu gosto muito dele por ter nascido, exatamente, no próprio ambiente que no momento eu estava vivendo, que era na Escola de Belas Artes, aonde eu tinha o meu atelier. Fui feliz, eu acredito, estão, lá, são bastante simbólicos, bem representativos.

Sobre o modo de execução e a técnica, fala D. J. Oliveira:

E, tanto a da Federal como o da Maria Auxiliadora, foi feito numa técnica que nós chamamos de afresco. Quer dizer, afresco é pintar sobre uma parede úmida, molhada, quer dizer a parede tem que estar fresca, pra ser pintada. É simples, é uma massa normal, de pedreiros, que ele fazem, com exceção que só não vai um elemento que é o cimento, é feito areia e cal. A gente prepara isso e são várias camadas de areia e cal, até que a última camada é mais cal do que areia porque na casa é cal que é o fixador. Na realidade, é muito simples, as cores são pigmentos, são tinta em pó, misturada na água, com água só e pintada diretamente sobre a parede, só que pintada enquanto essa parede continua úmida, daí a palavra pintura em afresco.


Sobre a Primeira Restauração do Mural:

E, ele passou por uma restauração porque é seguinte: O trabalho de Mural depende de uma série de problemas que ele tenha um grande futuro. Normalmente, a gente é contatada para este tipo de trabalho quando o edifício já está em andamento, então a gente encontra uma série de dificuldade, você não pode exigir tido, você já começa o trabalho com as paredes levantadas, muitas vezes não estão feitas como deve ser. E apesar de todo o cuidado que eu tive ele acabou apresentando alguns problemas, que nem está relacionado diretamente com o meu trabalho, aquilo já é um trabalho de estrutura do próprio edifício, eu restaurei foram as trincas que deu nas paredes, porque a estrutura do edifício, o edifício teve assim movimento intenso demais, talvez seja problema de engenharia, então deu trincas enormes nas paredes, ele trincou muito profundamente a ponto de gente enxergar do outro lado, você vê até a parte interior do edifício. Então, na realidade, o que eu fiz, mais lá, foi restaurar essa espécie de estajo. Enquanto que a pintura continuou tendo bastante resistência. Eu que restaurei, e mesmo porque nesse período que nos atravessamos um período negro da história do Brasil que foi de 1964 até o ano passado, então os estudantes faziam muito movimento até e muitas vezes eles sujaram, escreveram nas paredes e u também tive grande trabalho de ter que restaurar aquilo.

E, houve um período no Brasil que as Artes Plásticas estavam muito ligada á Arquitetura e talvez nesse último 20 anos, não sei, mas teria com você explicar pra gente ou não, porque não acontece mais isto, por exemplo, está construindo ali, o Governo está construindo um edifício ali imenso, o Palácio da Justiça e não se deixou, por exemplo, um espaço reservado para um mural ou escultura, enfim, está havendo uma certa desvinculação...

Bem, o problema é assim um pouco difícil de explicar pelo seguinte, eu acredito que a arte depende de momentos culturais que se vive. Eu acredito que Goiás está vivendo em momento cultural assim muito difícil, estamos passando por um período de transição político, de Governo, a gente nunca sabe o certo se é porque os governos estão interessados na política ou não, mas, de qualquer forma eu possa te dizer que a arte sempre teve ligado á Arquitetura, ela nunca teve, assim, separada, de qualquer forma, principalmente no campo de mural, o mural é uma coisa totalmente ligada á Arquitetura, porque quando eu fui professor na escola, durante meu tempo de professor na escola, isso ai era normal, naquele tempo a gente ensinava a maneira de aplicar mural junto com a arquitetura. E, se hoje isso não ta acontecendo é porque, entende? Nós estamos passando umas fazes assim muito difícil, eu acho que isso é questão mais de cultura.


Células 4 (Gangorra), 6 (Soltando Pipa), 7 (Bola de Gude).
Existe um pouco a questão de custo também, nisso. Eu acho que, por exemplo, quando se desenvolve um projeto de arquitetura, através de determinados elementos decorativos, é que se abre. Vamos produzir um painel numa fachada, por exemplo, mas, eu acho que inviável ainda contratar um artista plástico pra desenvolver um painel, porque eu não sei embora em termos de custo, mas é uma coisa que se tornou bastante eletrizante vamos dizer, assim, quem pode mandar contratar um profissional pra decorar em projeto.

É, difícil, sim, eu posso dizer pra você o seguinte: todos os murais que eu executei até agora eu posso dizer que nenhum deles não deu lucro. Muita gente pensa que, todo esse trabalho que eu fiz na área de mural, se for somar todos em metros quadrados (M2) eu acho que eu devo ter uma questão de 1.200 M2 de murais pintados em Goiânia, só na Maria Auxiliadora tem 164 m2, o da Universidade lá em cima lembro ao todo dá quase 200 m2; ajuntando com os demais, eu vou dizer que eu pintei aqui pelo menos de 1.000 a 1.200 m2de murais, de painéis, os que estão presentes, em dizer o que já foram destruídos que foi uma média de 6 a 8 murais que foram destruídos.

Nenhum deles me trouxe nenhum lucro, eu trabalhei apenas como um artesão, melhor pago, como um operário melhor pago, porque na realidade se for computar, cobrar o que vale, é um trabalho bastante caro, mas eu acho que isso não tem nada de ver, porque eu acho que +e uma obrigação dos Órgãos Estaduais do Governo arcar com essas despesas, pagar, porque pode dizer que é bastante caro evidentemente, mais há muita coisa que é aplicada, nossas obras que muitas vezes que nada tem de ver entende, que esse dinheiro poderia muito bem ser revertido pra se contratar os artistas, os artistas pra poder fazer o trabalho.

É, exatamente quando eu tentei colocar a integração da arte coma arquitetura, naturalmente estaria voltado pras obras públicas, porque naturalmente a população no estado de carência, em que se encontra, torna-se um luxo, infelizmente a arte hoje, torna-se luxo, não se consegue fazer uma casa.

É, isso também depende de em obras publicas, por exemplo, eu não sei qual o trabalho assim importante que tenha feito eu termos obras publicas, dirigido pelo Governo aqui. (não entendi)

É, infelizmente me parece que o atual pensamento não gira em torno disso, o que traz bastante dificuldade, você pode ver que todas as grandes obras que eu fiz aqui em termos de mural pelas são todas elas obras particulares, evidentemente que houve um pouco de sacrifício da minha parte como houve da partes deles, por exemplo, no contrato desse Mural na Maria Auxiliadora, eu falei para as freiras que eu ai apresentar um orçamento na base do custo, e particularmente sem eu ter grandes lucros, pelo menos o suficiente pra poder trabalhar então eu acabei, que pra época já era muito por baixo, depois que elas somaram aquele m2 quadrado, elas disseram pra mim que era impossível executar esse trabalho porque com esse dinheiro e um pouco mais nos construímos outro colégio. Paredes levantardes, muitas vezes não estão feitas como deve ser. E apesar de todo o cuidado que eu tive ele acabou apresentado alguns problemas que nem está relacionado diretamente como meu trabalho; aquilo já é um trabalho de estrutura do próprio edifício; eu restaurei não foi à pintura que eu fiz, eu restaurei foram às trincas que deu nas paredes, porque a estrutura do edifício, o edifício teve assim meu movimento intenso demais, talvez seja problema de engenharia, então deu trincas profundamente a ponto da gente enxergar do outro nas paredes, ele trincou muito profundamente a ponto da gente enxergar do outro lado, você vê até a parte interior do edifício. Então, na realidade o que fiz mais lá foi restaurar essa espécie de estágio. Enquanto que a pintura continuou tenho bastante resistência. Eu que restaurei, e mesmo porque nesse período que nós atravessamos um período negro da historia do Brasil que foi de 1964 até o ano passado, então os estudantes faziam muito movimento ali e muitas vezes eles sujaram, escreveram nas paredes e eu também tive grande trabalho de ter que restaurar aquilo.

É, houve um período no Brasil que as Artes Plásticas estavam muito ligada á Arquitetura e talvez nesses ultima 20 anos, não sei, mais, teria como você explicar pra gente ou não, porque que não acontece mais isto, por exemplo, está se construindo ali, o Governo está construindo ali em edifício imenso, o Palácio da Justiça e não se deixou, por exemplo, um espaço reservado para um mural ou escultura, enfim, está havendo uma certa desvinculação...

Bem, o problema é assim um pouco difícil de explicar pelo seguinte, eu acredito que a arte depende de momentos culturais que se vive. Eu acredito que Goiás está vivendo um momento cultural assim muito difícil, estamos passando por um período de transição política, de Governo, a gente nunca sabe o certo se é porque os governos estão interessados na política ou não, mas, de qualquer forma eu possa te dizer que a arte sempre teve ligado, á Arquitetura, ela nunca teve assim separada, de qualquer forma, principalmente no campo de mural, o mural é uma coisa totalmente ligada á Arquitetura, porque quando eu fui professor na Escola, durante meu tempo de professor na Escola, isso ai era normal, naquele tempo a gente ensinava a maneira de aplicar mural junto com a Arquitetura. E, se hoje isso não ta acontecendo é porque, entendemos, nós estamos passando umas fazes assim muito difícil, eu acho que por isso é questão mais de cultura.
Existe um pouco a questão de custo também, nisso. Eu acho que, por exemplo, quando se desenvolve um projeto de arquitetura, através de determinados elementos decorativos, é que se abra, vamos produzir um painel numa fachada, por exemplo, mas, eu acho que pra grande parte da população seria meio inviável, muito mais plástico pra desenvolver um painel, porque eu não sei embora em termos de custo, mas é por ai vocês podem saber um que base eu executei esse mural.

Eu executei porque é o tal negocio, a gente tem uma certa responsabilidade e mesmo não é só a responsabilidade, eu acho que essa coisa me querer permanecer, de querer fazer, de querer mostrar até aonde a capacidade da gente vai e também a gente acha que isso é uma forma de qualquer maneira, da gente dar uma contribuição em termos culturais pra cidade e também um pouco do amor do próprio trabalho, eu diria que até, eu diria que amor á própria vaidade, supera a se mesmo, e isso exige bastante sacrifício, esse foi realmente um grande sacrifício porque você vê pelo que eu disse antes que elas argumentaram que elas construíram com outro Colégio, nessas alturas, você vê como eu teve que retroceder pra poder fazer o trabalho, na realidade o trabalho não me deu prejuízo, mas fui pago como um bom artesão, como um operário um pouco mais graduado, mas o que eu achei muito importante foi dar essa contribuição, fazer esse trabalho."
[1] OLIVEIRA, D. J. Palestra proferida pelo artista plástico DJ Oliveira intitulada Projeto reflexão e busca. Prefeitura de Goiânia, Secretaria Municipal de Cultura, Museu de Arte de Goiânia. Goiânia, 25 nov. 1985.

Conservar para não restaurar - A formação do professor de artes visuais

A necessidade da pesquisa sobre “A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA CONSERVAÇÃO DE PATRIMÕNIO ARTÍSTICO E CULTURAL NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE, ATRAVÉS DA RECUPERAÇÃO DO MURAL DA UFG, DE D. J. OLIVEIRA” dar-se-á pelo fato de se entender que não basta se habilitar o professor para formar o fruidor/consumidor, produto de arte e cultura ou o freqüentador de espaços artísticos e culturais, mas que este também seja capaz de desenvolver em seus alunos a sensibilidade para a permanência desses patrimônios, por meio da formação de uma consciência crítica sobre a conservação e preservação de seus bens imateriais, socialmente construídos, além de despertar os alunos o gosto por esta área de formação. É claro que se pretende também despertar a consciência de ambos – professor e alunos – para a questão da conservação e preservação mais amplamente, especialmente no que se refere ao patrimônio público, a exemplo da própria escola a que o aluno freqüenta, entendido pela sociedade como “coisa de ninguém”. A preocupação da pesquisa é trabalhar o conceito de “preservar” para não “restaurar”.
No ano de 1971 o ensino de artes passa a ser oficializado, na escola regular, na Segunda Fase do Ensino Fundamental (5ª à 8ª séries), pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692/71. Com a obrigatoriedade do ensino de arte surge a necessidade de se formar profissionais para atender a demanda. A partir de então se criam, no Brasil, em 1973, os primeiros cursos de formação do professor de artes, com as Licenciaturas Curtas, passando posteriormente à licenciatura plena, em nível de graduação.
Todavia, é importante lembrar que a primeira experiência de criação de cursos para formar professor de arte é goiana, com o curso de Professorado de Desenho. O curso nasce da reforma na EGBA, para atender à Lei n.º 4.464 de 9 de novembro de 1964, que propõe uma reorganização didática dos cursos, classificando-os em:
· curso de formação (graduação);
· curso de especialização profissional (curso livre em que o aluno se especializava em uma modalidade artística), e
· cursos extraordinários.
Por meio da criação do Curso de Arquitetura, a instituição buscava fortalecer as Artes e resgatar a Arquitetura, que havia sido desvinculada da ENBA, mesmo contra a vontade de diversos professores, como Jordão de Oliveira e Lúcio Costa.
Os alunos do curso de Formação de Professorado de Desenho, único à época regulamentado pelo MEC, é criado sob Parecer n.º 599/66, cursavam as disciplinas voltadas para a formação educacional: Psicologia da Educação, Elementos de Administração Escolar, Didática Geral, Didática Especial e Complementos de Matemática, na Faculdade de Filosofia.
No Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás, atual FAV/UFG, o curso de formação de professores de arte começa em 1974, com a Resolução nº 333 do CCEP, que fixa o currículo pleno do Curso de Licenciatura em Educação Artística. No currículo foi observado que os assuntos conservação e recuperação não fazem parte da grade curricular.
De 1973 para cá muitas mudanças ocorreram nos currículos de Licenciatura, inclusive em relação à nomenclatura do curso, que passa de Educação Artística para Ensino de Arte, a partir de 2005. Conseqüentemente acontecem mudanças quanto à Grade Curricular. Mas os assuntos conservação e recuperação continuam a não fazer parte das grades dos cursos de formação de professores de arte da FAV/UFG.
Também acontecem mudanças no que se refere a normatização desse ensino na escola regular, que passa a ser considerado como área de conhecimento e não mais “Atividade” dentro do Currículo de Comunicação e Expressão, como deliberava a antiga LDB/1971. Com a LDB nº 9.394/96, a arte torna-se área de conhecimento, como qualquer outra área, portanto obrigatório, nas escolas oficiais, de Segunda Fase do Ensino Fundamental e Médio.
Todavia, embora se perceba que os currículos que tratam da formação do professor de arte tenham sofrido várias alterações desde sua criação e tenha avançado, em meados da década de 90, ainda assim serão necessárias novas mudanças. No novo currículo da FAV/UFG, implementado a partir de 2001, muitas inovações aconteceram, com à inclusão de muitas questões novas, pertinentes à formação desse profissional, a exemplo do aumento da carga horária de estágio, que passa de 128 horas (de 1 ano) para mais de 416, passando para dois anos e meio ou 5 semestres, privilegiando a escola pública, formal e informal.
Também foi acrescentado ao currículo à elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que proporciona ao aluno maturidade, pois lhe permite elaborar um projeto de ensino de arte e colocá-lo em ação na escola. Também é inserido no currículo o termo Cultura Popular, antes Folclore Brasileiro, entre outros assuntos. Todavia, ainda se percebe que muito outros temas ainda precisam ser inseridos no currículo do curso de formação de professore de arte, a exemplo de noções de Antropologia da Arte e de Psicologia da Arte.
Um outro tema que não pode ser esquecido e que deverá fazer parte da formação do professor são as orientações sobre frequentação[1] a espaços artísticos e culturais. O professor de arte é o responsável pela formação de hábitos, atitudes e comportamento frentes aos espaços artísticos e culturais, cabendo a ele ter ainda noções de conservação e recuperação de obras, assuntos que são Elementos de Museologia, disciplina da Grade Curricular do curso de Graduação, em Artes, da ECA/USP e hoje da PUC/SP, que orienta sobre restauração e Conservação.
Analisando os cursos de artes, oferecidos pelas Universidades Federais e Estaduais, de 26 estados brasileiros, e um do distrito Federal, constatamos um total de 71 Universidades entre Federais e Estaduais, e constatamos que em apenas onze (11) são oferecidos o curso de Artes Visuais – Bacharelado ou Licenciatura. Destas, apenas duas (2), a Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e a ECA/USP têm em seu currículo, matérias relacionadas aos Elementos de Museologia: conservação de obras de artes.Também foi constatado que dos três estados formadores da região Centro Oeste nenhuma Universidade ou Faculdade, Federal ou Estadual, apresentam nos seus cursos de licenciatura, em artes, matérias direcionadas a Elementos de Museologia, o que obriga aos futuros professores de artes, ou interessados na área da conservação de obras de artes do estado de Goiás a se deslocarem para outros estados à procura de especializações e cursos técnicos na área.
A necessidade desses assuntos é para dar orientações ao professor, para que ele possa discutir esses temas em sala de aula, pois além de desenvolver no aluno atitudes de freqüentação a espaços artísticos e culturais poderá dar noções sobre Conservação e Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural, pois é ao profissional da arte-educação que cabe a responsabilidade de fazer, pelos conteúdos, a mediação dos bens artísticos e culturais à escola, para formar não somente o consumidor de arte e cultura, mais também um conhecedor e produtor mais atuante e crítico.
O tema Conservação e Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural, Elementos da Museologia têm papel fundamental para se desenvolver no futuro professor, conseqüentemente no aluno de arte, a consciência de que os bens Artísticos e Culturais são patrimônios públicos, portanto, pertencentes a todas as sociedades. São produtos socialmente construídos, mas que para serem apreciados/fruídos/visitados será necessário que a sociedade os conserve, ou seja, ela precisa ser alfabetizada visualmente, para compreender seus códigos de leitura pelo domínio da Gramática visual, mas que esse processo somente será possível se houver conservação/recuperação para que as gerações futuras possam conhecer as suas memórias.
A necessidade de uma formação, nesta área, para o professor, dá-se por se ver muitas obras de arte, na capital goiana, sendo destruídas, a exemplo do Mural da Praça Universitária. Esta obra, no decorrer de sua existência, sofrera várias intervenções, físicas, inclusive destrutivas, por parte de vândalos, por desconhecerem a importância dessa obra, e de muitas outras, para a memória cultural da cidade. Observa-se ainda que outros bens como os da arquitetura da cidade de Goiânia, em estilo Art Decò, encontram-se comprometidas pela mesma sociedade que a contempla. Embora a apreciem/fruam também as destroem por não saber conservá-la ou não compreender o seu significado.
Com orientações nesta área o professor de arte estaria atento para incluir em seus programas de curso, no ensino Básico: Fundamental e Médio este assunto tão importante para a sobrevivência do patrimônio artístico cultural, ao formar um público não apenas capaz de apreciar/fruir a arte/cultura, mas também capaz de conservar a sua riqueza cultural e memória coletiva.
A proposta do projeto é aproveitar-se do processo de recuperação da obra para se produzir material didático para se discutir o assunto, forma de recuperar a lacuna que existe no atual currículo que trata da formação do professor de arte, elaborado pela FAV/UFG/2001-2003. O que queremos é dar aos alunos do Curso de Artes Visuais – Licenciatura a oportunidade de ter contato direto com essa área problemática da arte e levá-lo a conhecer e adquiri experiência, ainda que teoricamente neste assunto.
Quer-se colocar o aluno em contato com o trabalho do restaurador, para que conheça, de perto, o procedimento de recuperação de uma obra: os propósitos, os meios, os diferentes métodos, os materiais e os conceitos. Para tanto, o aluno, bolsista, deverá acompanhar os passos do processo de trabalho a ser desenvolvido pelo responsável pela recuperação da obra: discutir, registrar e fotografar os procedimentos, para que com os dados ele possa construir um texto que sirva de referência para o aluno do curso de arte e para os professores.
É claro que não se pode esquecer da necessidade de se formar um professor com uma visão mais abrangente, e que seja interessado pela pesquisa, sem se esquecer da capacidade dele de articulação das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Essa experiência permitirá ao professor compreender o processo e mediar com mais segurança os seus conhecimentos.
Com a pesquisa o aluno/professor poderá ampliar os seus conhecimentos, conseqüentemente os seus gestos/ações de educar, ou seja, poderá descobrir pelo ensino possibilidades para a pesquisa e para a produção de novos saberes. Outra preocupação que nos leva a explorar a experiência de recuperação do mural na formação do professor é despertar o aluno para esta área do conhecimento que é a restauração, intrinsecamente relacionado à arte e seu ensino.
A recuperação do Mural da UFG vem ressaltar ainda a preocupação e o esforço da Faculdade de Artes Visuais, da Universidade Federal de Goiás, para com a preservação do patrimônio cultural, não só da UFG, mas de toda a cidade, já que a obra – o Mural - faz parte dos bens imateriais da cultura goiana. Considera-se importante que a experiência de recuperação do Mural da UFG sirva de aprendizado para os alunos do Curso de Artes Visuais – Licenciatura, haja vista a raridade de se ter a oportunidade de tal aprendizado.
Além do desgaste natural e temporal da obra ela sofre o desgaste decorrente de agressões, físicas, praticadas por pixadores, pessoas que ainda não se atentaram para o valor das obras artísticas e para o patrimônio arquitetônico exposto na cidade de Goiânia e pelo país afora. Por não entenderem que o patrimônio pertence à todos é muito comum, em nosso país, visitantes de espaços culturais levarem para suas casas um pedacinho da obra visitada como lembrança.
Espera-se que a partir do acompanhamento do trabalho de recuperação da obra, que deverá ser feito in loco, e da elaboração do relatório, seja possível se desenvolver material didático, para a realização de ações educativas, em favor da educação para a compreensão e conservação do patrimônio artístico e cultural. As palestras, elaboradas a partir do relatório, serão realizadas para alunos do Curso de Artes Visuais – Licenciatura, e professores e do Ensino Básico: Fundamental e Médio, que atuem no ensino de arte.
[1] Fre.qu.en.tar  é um verbo transitivo e significa:ir repetidas vezes a qualquer lugar; conviver constantemente com; ver alguém amiudadas vezes; viver na intimidade de; consultar amiúde uma obra ou um autor; cursar. Substantivofre.qu.en.ta.ção feminino Acto ou efeito de frequentar; Conversação habitual; Trato. Obtido em http://pt.wiktionary.org/wiki/frequenta%C3%A7%C3%A3o

terça-feira, 16 de junho de 2009

Mais sobre D.J. Oliveira

Ainda sobre a exposição, no MAC (Museu de Arte Contemporânea, localizado na Rua 4, no centro de Goiânia, no Edifício Phaternon Center), intitulada "Modernismo em Goiás e ocupação", que estará até 30 de julho aberta ao público. Consegui fotos das obras com a professora Edna Goya, que assina o texto do catálogo da exposição. Ainda estão expostas gravuras, que estarão aqui em um outro post.

A dama de verde - Óleo sobre aglomerado - 1974 - 145 x 90cm
Os matadores - Têmpera sobre tela - 1976 - 106 x 85 cm

S/título - Têmpera - 1967
Figura humana - Desenho com areia - 1979 - 122 x 93 cm









Verônica II - 1967 - 82 x 66 cm
S/título - Têmpera - 1967 - 99 x 74,5 cm