sábado, 29 de maio de 2010

O Painel Três Bicas em Luziânia, de D.J. Oliveira

Painel Três Bicas. Foto de Arley da Cruz, 2007.

Vista dos painéis. Foto de José Alfio, 2007.

Monumento das Três Raças. Foto de José Alfio, 2007.

A representação do Indígena no painel. Foto de José Alfio, 2007.

Representação do Bandeirante no painel. Foto de José Alfio, 2007.

Em sua dissertação de mestrado, intitulada "D.J. Oliveira e a paisagem de Luziânia, no Painel Três Bicas", José Alfio da Silva estuda a obra do artista D.J. Oliveira, realizada na cidade de Luziânia, cidade em que o artista morou e teve seus ateliês: Pintura, Mural e Gravura. O Painel Três Bicas foi feito em 1994, na técnica de pintura em azulejos vitrificados, com a utilização de pigmentos minerais, através de sucessivas queimas, em forno elétrico. A queima atinge a escala dos 1.200 graus Celsius, conforme explica Alfio Silva em seu texto (2007).

O painel fica localizado na Praça Raimundo de Araújo Melo, no centro de Luziânia, e segundo Alfio Silva remete às estruturas arquiteturais presentes na construção de Brasília. A praça é conhecida como Três Bicas, que segundo Alfio Silva, devido uma nascente que servia de fonte pública para os antigos moradores da cidade.

Sua estrutura consiste nos pilotis (colunas) e as duas plataformas feitas em concreto armado, na forma de dois semicírculos, opostos, com um espelho d'água no centro, que reflete o painel. No centro do espelho d'água ergue-se um monobloco de três faces em que aparecem representadas figuras humanas que lembram as "três raças" que formaram a civilização local.

No painel encontram-se elementos que estão associados a história da cidade de Luziânia e que são apontados por Alfio Silva como emblemas dos meios de habitação, instituições sociais, políticas e religiosas que configuraram os contextos históricos e culturais da cidade. Esses elementos estão representados nas figuras que Alfio Silva aponta como Indígena, Bandeirante, Escravos, Carro de bois, Arraial, Vaqueiro, Cadeia Velha, Sobrado, Fiandeira, Tamboril, Músicos, Irmandades Religiosas, Pensão do Sr. Juca da Ponte, Igreja do Rosário, Festa do Divino, Carregadores de Água, Escola, Historiadores e Dom Bosco.

Essas representações remetem ao imaginário e a importância que lhes são atribuídas na história do lugar. Por exemplo, o Indígena está, como detalha Alfio Silva, em um ambiente cercado de árvores e animais selvagens, indicando uma natureza ainda intocada pelos pés do colonizador. Já o bandeirante é apresentado após uma sequência em que se vê a perseguição indígena e é mostrado elevando suas mãos ao céu, numa atitude de louvação, como se esboçasse um grito de glória pela quantidade de ouro encontrado. Na parte superior, ao lado do bandeirante, é mostrada uma fila de escravos negros acorrentados.


O texto de Alfio Silva é boa fonte para quem quiser se aprofundar na história da arte goiana e na história produtiva do artista. Poderá conhecer a história da cidade, sobre o painel e sua relação com a história de Luziânia. Alfio Silva nasceu na cidade de Luziânia-GO, em 28 de Setembro de 1960. Trabalhou com D.J. Oliveira nos anos de 1975 e 1976, com impressão de gravuras, e possui produção artística em tela, tendo o Museu de Artes de Goiânia obra sua no acervo. Mais informações sobre Alfio Silva podem ser encontradas em: http://www.goiania.go.gov.br/sistemas/scmag/asp/scmag00004w0.asp?cd_autor=16
O trabalho de Alfio Silva sobre o Painel Três Bicas, de D. J. Oliveira, está diponível em: HTTP://www.ida.unb.br/dissertacoes-defendidas/doc_download/75-dj-oliveira-e-a-paisagem-de-luziania-no-painel-tres-bicas

terça-feira, 4 de maio de 2010

Queimando arte

















Uma obra de Siron Franco foi queimada em Goiânia: trata-se de uma série de tigres moldados em ferro e acoplados a um tronco de madeira. O tigre é o símbolo de um time de futebol da capital goiana, o Vila Nova. A obra que foi doada pelo artista e ficava no estacionamento do clube foi feita, segundo informações da imprensa, sem que o artista cobrasse nada. Segundo reportagem do jornal O Popular, do dia 04 de maio, o artista disse que a obra "foi uma doação para o Vila Nova. Se alguém não gostava da escultura poderia retirá-la. Queimá-la já é uma falta de respeito". Ao que parece a queima da obra tem ligação com disputas entre dirigentes atuais do clube e membros da gestão anterior. Uma grande quantidade de torcedores do clube se manifestaram favoráveis à ação, já que consideravam a obra "feia".

Siron Franco é um dos artistas mais conhecidos do estado de Goiás e sua formação como artista passa por D.J. Oliveira, de quem foi aluno. O episódio incrementa o debate sobre a relação da sociedade com o patrimônio artístico.
Referências: Fotografia de Sebastião Nogueira publicada em O Popular (04/05/2010)