segunda-feira, 21 de junho de 2010

D. J. Oliveira e a gravura em ferro

Morando em Goiás, longe dos centros fornecedores de materiais artísticos, sofisticados, entre eles os de gravura em metal, D. J. Oliveira, embora conhecedor dos processos de gravura em cobre, por meio de curso realizados na Espanha, optou poe explorar as possibilidades do ferro. Além da distância geográfica de Goiás com o sudeste do país ainda o estado enfrentava a crise econômica e a política interna ditatorial.
O ferro resulta num modo peculiar de produção de gravura. Isso porque, como relada Edna Goya em sua tese sobre o processo criativo de D. J. Oliveira, a matriz de ferro exige que a impressão ocorra imediatamente após a entintagem e limpeza da matriz. Caso isso não ocorra, o ferro oxida e resulta em uma variação cromática, inviabilizando os brancos que são obtidos na gravura em metal. Após a familiarização com o material, D. J. Oliveira passa a produzir gravuras em ferro com diferenças interessantes em relação as impressões em cobre. Ao contrário das impressões feitas com matriz de cobre, as de ferro, feitas por D. J. são de pouca luminosidade, com um contraste entre preto e branco, suaves, com figuras com contornos imprecisos, linhas disformes, delicadas e com rebarbas. A oxidação do ferro, ou ferrugem, em decorrência contato com o ácido nítrico, utilizado na gravação, causa uma autogravação da matriz, que foge ao controle no rigor que requer a gravura em metal (exigido pela tradição da gravura em metal) e proporciona o inesperado, o não previsto, o impreciso e a surpresa no resultado da impressão. O resultado é uma interferência na tonalidade das áreas gravadas e na brancura do papel. D. J. Oliveira acabou por motivar outros artistas, que passaram a trabalhar com matriz em chapa de ferro. Professor de Desenho, Pintura e Gravura estimulou através da Escola Superior de Arte – Escola Goiana de Belas Artes (EGBA) a formação de vários artistas, de forma direta ou indireta. Segundo Edna Goya, a experiência de D. J. Oliveira com as gravações em matriz de ferro levou os gravadores goianos a se dividirem em dois grupos: os gravadores em ferro, orientados por D. J. Oliveira e os gravadores em cobre, orientados por Cléber Gouveia e Ana Maria Pacheco.

Fonte: GOYA, Edna. A gravura como meio de comunicação: processo de criação de D. J. Oliveira. Disponível em: www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2582 acesso em junho de 2010.